sexta-feira, abril 08, 2005

Tempo

As batidas suspensas no ar procuram o meu corpo. Penetram-no sem pedir licença e fazem com ele as obedeça. As minhas pulsações já não são minhas. Pertencem agora ao mistério do som que me rodeia. Mistério esse que invadiu o meu órgão mais intimo, aquele que bombeia a alma até cada canto escondido que existe em mim. Inspiro lentamente, e enquanto o faço, levito no meio da cidade vazia. Ninguém está na rua e mesmo se estivesse, ninguém me poderia ver. Sem dar por isso, a minha casca alcançou um outro patamar acima do solo cheio de qualquer coisa que não sei decifrar. Uma tristeza profunda invade-me o coração. O tempo escorre-me das mãos vazias e mesmo quando o tento agarrar, acaba sempre por ser mais rápido que os meus movimentos frágeis e infantis. Como gostava de ser maior para que agora, neste exacto instante, te pudesse ver com outros sentidos. Como gostava de crescer por dentro para me tornar visível aos olhos do Mundo que não me conhece. Como gostava de ser mais forte para te prender e guardar junto a mim até ao infinito. Agora, neste exacto instante em que eu levito, gostava que fosses meu Tempo.

Amélia

1 Comments:

At 6:54 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Miss you nikki..

 

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