sábado, abril 02, 2005

Sentidos Imperfeitos

Ao descansar os sentidos numa noite como outra qualquer, tento compreender o que não me é permitido. Penso em tudo sem sentido. Freneticamente, imagens reflectidas no chão do meu sonho ganham vida. Ganham tudo o que lhes posso dar. Sem pensar, penso porque é inconstante o temperamento de todos os que sonham como eu. Todos os que, mesmo entendendo factos que não lhes pertencem, esperam pacientemente, entre a escrita cinzenta num dia qualquer, que o portão divino os abrace fortemente e embale com melodias de saber infinito. Orgulho-me de todos os guerreiros que não baixam os punhos, nem a cabeça, nem a sede que os invade dia após dia. Orgulho-me de todos os que pensam. Bem ou mal, que diferença faz? Nada é perfeito e a sua maior essência está em saber que nada existe. Perfeição é tudo o que nos ronda com tendências imperfeitas. Tal como o pensamento. Por isso, e só por isso, sinto, sem sentir, que o silêncio da cidade que invade agora o meu sono, não passa de pão que alimenta o meu amanhecer, nutrindo a minha certeza de que agora será sempre o momento.

Amélia