quinta-feira, março 31, 2005

A casa do pensamento

Sai de casa no pensamento. Só não fui com o corpo atrás da alma porque esse estava preso à consciencia. Deambulei pela rua. Estava frio. A noite já há muito se fazia ver e o ar gelado que o vento soprava despertava os sentidos da mente. Estava triste. Profundamente triste como há muito não me via. Daquelas tristezas que parecem só existir nos teatros e que ninguem entende. Pensamos sempre que os actores estão simplesmente a hiperbolizar as sensações acabando por transmitir um drama pesado e a cheirar a falso. Pois bem, não é falso. Nem sequer tem cheio. Existe e eu sei. Aprendi tanto duante a viagem. Aprendi que não sei nada. Aprendi que o que sei não vale nada comparado com o que podia saber. Aprendi que não sei aprender. Apesar de tudo, sei que o que escrevo acaba sempre por ser uma aprendizagem minha, mesmo sabendo que cada palavra que libertamos, a partir do momento em que o fazemos, deixa de ser nossa. Nessas alturas sinto-me tão feliz mas tão pequena, tão fechada e tão só minha.. até ao instante em que o pensamento volta para casa. E depois? Depois volta tudo a ser como era.

Amélia